segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Algumas cores, um texto

Manhã de domingo nublada e chuvosa. Cinza é a cor predominante, tanto no céu como nos prédios antigos do centro de São Paulo. Nem o corredor avermelhado ou o verde e o amarelo presentes na bandeira ao longe, amenizam aquela sensação.

Até o elevador é cinza. Putz, meu carro também! Não, não, ele é prata. Não, não, ele é um cinza de brilho fosco. Eu não quero esta sensação, este sentimento. Não há motivos pra eles. Mas a minha camiseta é preta, a intensidade máxima do cinza.

Preciso do sol, do amarelo, de um tom mais acolhedor. A garoa no pára-brisa a caminho de casa só materializa minha sensação de contrariedade. Vou me prender nas lembranças e impressões do passado próximo. Mas o cinza é marcante naquele habitáculo. O volante, o painel, os bancos... Se eu fosse um pouco mais neurótico, usaria a palavra conspiração.

Mudo a camiseta. Agora ela é branca. Recorro à família; sou acolhido com abraços, beijos, amores e comida caseira. É vermelho, é calor. E na escola onde vivi e cresci por oito anos e que visito discretamente de tempos em tempos, mudo o foco para uma nova cor: o verde.


Diferentemente das lembranças infantis, hoje aquele prédio está tomado de grades. A segurança aparece nas inúmeras barras e vigas de ferro revestido de um tom esverdeado. É uma prisão que vende a esperança da liberdade. Agora eu entendo o que cinza queria me dizer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Millys!
Hoje o dia está cinza e meu humor, também!
Vc já leu sobre a teoria das cores de Göethe?
Ele diz que a fumaça não tem uma cor, que se o fundo do céu é cinza ela é branca, se o fundo do céu é azul ela pode ser negra ou cinza, depende do da cor do céu.
Adoro teoria sobre as cores e sobre a energia que cada uma impacta em nós.

Saudades e beijokas rosadas com tons de lilás com amor!

Natyyy