terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Falta de Air

Segunda feira, calor sufocante, sem sol, sem vento, sem trégua. No i-Pod, tudo como eu gosto, randômico, aleatório, climas criados e quebrados. De repente toca “Venus” do Air e estranhamente tudo fica familiar.

O calor sem vento, a sacada enorme de onde se via o Adventista e o Zerão. As noites de diálogos no escuro. As manhãs com bolo de nozes da Nutrella e café de bule italiano. As tardes com massas prontas e molhos deliciosamente caseiros. Os filmes que nos levavam pra cama.

Aeroporto, rodoviária... Às vezes os dois juntos. Idas e vindas. Chegadas ansiosas e partidas evitadas e inevitáveis. Na sala de estar que era também sala de jantar e escritório descobri e ouvi inúmeras vezes Air. Sozinho e acompanhado.

Anos depois e o Air mais uma vez me levou a você. Não me segurei e disse num torpedo direto o quanto a dupla francesa é contexto de nós pra mim. Completei com um “sinta falta”.

O Air não fez sentir falta do passado mas sim do presente. Não é falta por carência. Não é uma falta para reparação. É falta de contemplação, de participação. Para dizer “como está?” e ouvir suas conquistas d'alma, não as do corpo. Pra confessar que ainda não terminei de ler Eduardo Galeano.

Se o previsível tirou meu ar, não me faltou Air. E diante disso, a falta pode até passar, mas o Air fica.

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