quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Nada a dizer?

Abro um documento em branco e branco ele continua. Leio, releio, vasculho e nada me inspira, tão pouco expira. Culpo o embotamento dos sentidos, o desbotamento das 100 cores, a falta de referências e até a tecla “s” do teclado que não funciona direito.

Posts com intervalos cada vez maiores e conteúdos menores. Então meu lado ordinário diz: “Culpe o twitter, você está viciado na superficialidade dos 140 caracteres.” A superficialidade não é a reposta; nem novela tenho visto.

Talvez eu esteja inconscientemente em
sintonia com alguns movimentos que estão ficando cada vez mais fortes no nosso cotidiano e de forma muito sutil: a caretice, a censura e apatia. Flagrei meu lado ‘old fashion’ ao revelar para alguns amigos a vontade de viver um relacionamento próximo do casamento. Sabe aquele coisa ‘eu sou sua propriedade e você é minha e vamos viver juntos para minar nossa individualidade em nome de uma noite de sexo por semana’? Cheguei a pensar nisso. E mais, num instante de estupidez absoluta, concordei com o que fizeram com a estudante Geyse Arruda.

Por outro lado, sei que aqui eu não falo apenas de mim, mas também de pessoas que estimulam meus sentidos e sentimentos. Como a escrita é um dos meus recursos para expurgar o pus do gozo, é fato que muitas vezes exponho a mim e aqueles que me afetam. A incerteza do que é possível ou não dizer aqui tem me travado por diversos momentos e viro meu próprio censor.

Já a inconstância do tesão, do entusiasmo, da indignação, raiva, paixão, a ausência do a flor da pele se traduz aqui na economia de palavras. Mas a apatia não está necessariamente no sentir mas no falar, no escrever, no dialogar, nas ideias. É como se bastasse ter no meu autismo meu único interlocutor; meu próprio mundo da linguagem, meus signos e significantes só meus.

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