Diante do cansaço foi inevitável dormir. Ele se rebela nas noites de sexta-feira. Nem a narrativa simples e simpática de Juno e a companhia maternal e agradável da Vanessa me detiveram. Fui rendido pela exaustão. Foi mais do que um cochilo, foi um desligar.
Acordei sem reconhecer o sofá, o travesseiro, as paredes, o cheiro. A presença da amiga foi familiar. Mais do que a estranheza inicial do ambiente, o mais perturbador foi sentir aquela sensação de “falta de chão” sentida no início da semana ao ouvir a pergunta:
- Vai ficar chateado se eu não for com vocês?
O silêncio da rua, a garoa e o frio foram anestésicos na caminhada pra casa. Tudo ali eram sentidos. As gotículas na pele, o vento nos ouvidos e o gosto do sono breve. Foi como me desprender da ilusão do agudo e admitir o crônico. Mas o casal se amassando no carro me tirou das nuvens...
Já a meia luz no meu apartamento, reconheço os móveis, as cores, os sons. A Frida (minha gata, literalmente) é quem me recepciona. Mas o piso ainda parece ausente. O celular toca e a respiração pára. Era a Letícia. Ela me conta uma bela (e real) história de amor. Vou pra cama me indagando:
- Quem disse que não existem finais felizes, mesmo que sejam os dos outros?
Um comentário:
miaaauuu...
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