quinta-feira, 11 de março de 2010

Uma morte e alguns questionamentos

Em meio à tentativa de estar mais próximo das minhas essências (com outras essências) e de alguns compromissos sociais, fiquei sabendo ontem (09/03) do suicídio de uma amiga que já esteve muito próxima de mim.

Como não podia ser diferente, a primeira reação foi lamentar a morte e a forma como ela partiu. Logo em seguida, relembrei sua história repleta de conflitos e angustias, reflexos dos abusos físicos e psicológicos sofridos ao longo dos seus 35 anos. Naquele instante o capítulo final fez sentido pra mim.

Ao ler o tom de “lamentável” na expressão daqueles que sabiam do ocorrido e o constrangimento da família, alguns (ou mais alguns?) questionamentos tiraram o meu sono. Quem e como se convencionou que o ato de tirar a própria vida é algo negativo, característica dos desesperados, dos fracos e dos sem fé? Quem pode provar que as pobres almas suicidas são de fato pobres?

Ao nascermos caminhamos inevitavelmente para a morte, seja ela iminente ou tardia. E nós, diariamente, cometemos pequenos suicídios, seja no cigarro tragado, na comida gordurosa ingerida, na foda sem camisinha, no trabalho estressante, nas cirurgias estéticas desnecessárias, no sedentarismo, na trilogia Crepúsculo, na balinha pra curtir a balada, no semáforo vermelho que ultrapassamos e por aí vai. A cada dia que acorda, você está mais próximo da morte.

Por enquanto, todas as explicações religiosas e as implicações socias do suicídio a mim apresentadas não convencem.

Nenhum comentário: