“Milton, encomenda pra você”, dizia a voz ao interfone. Fui avisado (e acordado) assim que ela chegou. “Não pedi nada”, pensei.
Levei horas para pegá-la. Total falta de atino! Eu só o recuperei quando a surpresa que parecia não-mais-surpresa ainda se mantinha supresa.
Na portaria do prédio, cartas, contas, DVD’s da locadora e movimentos em slow motion... E a encomenda? A ansiedade tinha me cegado. Não a vi ali discretamente destacada de tudo. Era minha.
Já no apartamento, lá estava ela (a encomenda) na mesa de vidro. Ela deu vida ao móvel. Observei o cheiro, toquei as cores e inspirei a textura. No cartão um sorriso. Seria ele a assinatura?
Diante da encomenda eu não tive dúvida: ganhei de presente um segredo.
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