
São mil Miltons em pleno uso de suas cordas vocais.
Alguns falam, outros gritam; os mais apaixonantes sussurram.
Eu sou o único que se cala.
São mil tons de vozes em diferentes tempos de um mesmo tempo.
Sou eu na voz passiva, imperativa, ativa, rouca e quase afônica.
Cada uma com seu tom, seu timbre, seu desejo; todas em mim.
Meus mil tons barulhentos que fazem de mim um insano em silêncio.
Mil tons que dizem: Milton sem tom, sem voz, e muito louco.
Todos em uníssono.
Eu ligo o som, a TV, a internet. Ligo o desespero para calar as vozes.
Vozes, que vozes? – pergunta a voz hipócrita.
Mate todas, diz a mais imediatista.
Ao menos você tem cia. – a fofa (ou carente?) se manifesta.
Tudo isso é a manifestação de um Milton reprimido – analisa a mais insana.
E eu já não sei qual delas é a minha.
Às vezes é tanto silêncio aí fora que ensurdeço com o barulho aqui dentro.
Então, psiu aí! Nós estamos gritando aqui... dentro deste Milton calado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário